Antes de começar a copa do mundo, ainda será possível escrever alguma coisa sobre a sucessão de 2014. Para iniciar, publicarei uma parte do documento que fiquei com a responsabilidade de escrever em preparação ao congresso da CTB-RJ de 2013. As outras serão publicadas no decorrer das semanas e não seguirão a ordem original do texto. Começarei por um breve resumo da evolução do quadro de forças do Estado do Rio de Janeiro. Boa leitura. A crítica é livre.
UM BREVE RESUMO da DISPUTA
POLITICA no ESTADO do RIO de JANEIRO
1)
A primeira vitória de Lula (2002) teve como aliados, no
primeiro turno, PCdoB, PL, PCB, PMN e Antony Garotinho, candidato a presidente
pelo PSB, no segundo turno. Aqui no Estado venceu Rosinha Garotinho, candidata
pelo PSB, em disputa com Benedita pelo PT e Solange Amaral (PFL/PMDB/PSDB).
2)
A vitória do PSB garantiu a continuidade da politica de
rompimento com a estagnação econômica fluminense, principalmente na recuperação
da área metalúrgica, em particular a indústria naval, na capital, região
metropolitana e Angra dos Reis, iniciada por Antony Garotinho. Infelizmente o
reaquecimento deste ramo, embora seu impacto positivo seja visível e
significativo, não foi suficiente para reverter o quadro geral na economia do
Estado.
3)
Na reeleição de Lula em 2006, a disputa foi com Geraldo
Alkmin (PSDB/PFL). Enquanto isso aqui no Estado, Sergio Cabral (PMDB) disputa,
no primeiro turno, com a esquerda, Wladimir Palmeira (PT, PCdoB e PSB) e a
aliança de direita, Denise Fossar (PPS, DEM e PV). O PSDB lança Eduardo Paes
candidato a governador. No segundo turno sai vitoriosa a aliança de
centro/conservadora de Sergio Cabral, com apoio da frente de esquerda (PT,
PCdoB). Cabral pede voto para Lula no segundo turno. O PMDB passa a ser base do
governo federal.
4)
Na eleição de Dilma (2010) o PMDB entra formalmente na
aliança, indicando Michel Temer para vice-presidente. Nesta composição o centro
da aliança passa a ser PT/PMDB, mudando seu contorno e as contradições no seu
interior. É formada uma maioria heterogênea que incorpora forças de esquerda,
de centro e até segmentos mais conservadores. No Estado do Rio, Cabral é
reeleito no primeiro turno com apoio dos partidos de esquerda da base do
governo federal.
5)
Na capital do Rio de Janeiro, centro econômico, do
estado, principalmente da região metropolitana, a comando da prefeitura esteve
sob controle dos setores de centro/direita, que pese a dança de filiação
partidária ocorrida neste período.
6)
Cesar Maia foi eleito em 1992 pelo PMDB, elegeu Conde
pelo PFL em 1996, se elegeu novamente em 1999 pelo PTB e se reelegeu em 2004
pelo DEM, perdendo a eleição para Eduardo Paes (PMDB) em 2008, que disputou com
seu filho Rodrigo Maia (DEM). Em 2012, Eduardo Paes é reeleito, no primeiro
turno, com uma ampla aliança, também heterogênea que incorpora forças de
esquerda, de centro e até segmentos mais conservadores.
7)
No Estado do Rio de Janeiro os segmentos de
centro e conservadores, ainda são a maioria na aliança, conduzem a maioria das
prefeituras e o governo estadual. É preciso ressaltar o crescimento dos
partidos de esquerda da base do governo: PT, PCdoB, PSB e PDT. Pela oposição de
esquerdista, fato isolado no quadro nacional, o crescimento do PSOL.
8)
É preciso recuperar como esta nova hegemonia foi
construída. Uma das teses que a direita, o centro e os e demais conservadores
utilizaram para começar a hegemonizar o Estado do Rio de Janeiro foi questionar
sua tradição oposicionista. Argumentaram que governos progressistas alimentavam
essa postura que teve como consequência o isolamento e a falta de investimento
do governo federal e da iniciativa privada.
9)
Outra critica utilizada para construir essa nova
hegemonia foi acusar governos de esquerda de populistas, de deixar a violência
dominarem a realidade social e de décadas de estagnação econômica do nosso
Estado.
10)
Para o bem ou para o mal, a estratégia foi bem
sucedida. A expressão politica, contemporânea, dessa hegemonia conservadora
esta sintetizada na máxima: união de governos, reforço fiscal e modernização da
gestão pública. Esta afirmação é do Governador Sergio Cabral e do Prefeito
Eduardo Paes. Esta síntese inicial serve apenas para abrir o debate do
desenvolvimento do Estado.
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