quarta-feira, abril 16, 2014

Para esquentar os tamborins antes da copa.

Antes de começar a copa do mundo, ainda será possível escrever alguma coisa sobre a sucessão de 2014. Para iniciar, publicarei uma parte do documento que fiquei com a responsabilidade de escrever em preparação ao congresso da CTB-RJ de 2013. As outras serão publicadas no decorrer das semanas e não seguirão a ordem original do texto. Começarei por um breve resumo da evolução do quadro de forças do Estado do Rio de Janeiro. Boa leitura. A crítica é livre. 

UM BREVE RESUMO da DISPUTA POLITICA no ESTADO do RIO de JANEIRO

1)      A primeira vitória de Lula (2002) teve como aliados, no primeiro turno, PCdoB, PL, PCB, PMN e Antony Garotinho, candidato a presidente pelo PSB, no segundo turno. Aqui no Estado venceu Rosinha Garotinho, candidata pelo PSB, em disputa com Benedita pelo PT e Solange Amaral (PFL/PMDB/PSDB). 
2)      A vitória do PSB garantiu a continuidade da politica de rompimento com a estagnação econômica fluminense, principalmente na recuperação da área metalúrgica, em particular a indústria naval, na capital, região metropolitana e Angra dos Reis, iniciada por Antony Garotinho. Infelizmente o reaquecimento deste ramo, embora seu impacto positivo seja visível e significativo, não foi suficiente para reverter o quadro geral na economia do Estado.
3)      Na reeleição de Lula em 2006, a disputa foi com Geraldo Alkmin (PSDB/PFL). Enquanto isso aqui no Estado, Sergio Cabral (PMDB) disputa, no primeiro turno, com a esquerda, Wladimir Palmeira (PT, PCdoB e PSB) e a aliança de direita, Denise Fossar (PPS, DEM e PV). O PSDB lança Eduardo Paes candidato a governador. No segundo turno sai vitoriosa a aliança de centro/conservadora de Sergio Cabral, com apoio da frente de esquerda (PT, PCdoB). Cabral pede voto para Lula no segundo turno. O PMDB passa a ser base do governo federal.
4)      Na eleição de Dilma (2010) o PMDB entra formalmente na aliança, indicando Michel Temer para vice-presidente. Nesta composição o centro da aliança passa a ser PT/PMDB, mudando seu contorno e as contradições no seu interior. É formada uma maioria heterogênea que incorpora forças de esquerda, de centro e até segmentos mais conservadores. No Estado do Rio, Cabral é reeleito no primeiro turno com apoio dos partidos de esquerda da base do governo federal.
5)      Na capital do Rio de Janeiro, centro econômico, do estado, principalmente da região metropolitana, a comando da prefeitura esteve sob controle dos setores de centro/direita, que pese a dança de filiação partidária ocorrida neste período.
6)      Cesar Maia foi eleito em 1992 pelo PMDB, elegeu Conde pelo PFL em 1996, se elegeu novamente em 1999 pelo PTB e se reelegeu em 2004 pelo DEM, perdendo a eleição para Eduardo Paes (PMDB) em 2008, que disputou com seu filho Rodrigo Maia (DEM). Em 2012, Eduardo Paes é reeleito, no primeiro turno, com uma ampla aliança, também heterogênea que incorpora forças de esquerda, de centro e até segmentos mais conservadores.
7)      No Estado do Rio de Janeiro os segmentos de centro e conservadores, ainda são a maioria na aliança, conduzem a maioria das prefeituras e o governo estadual. É preciso ressaltar o crescimento dos partidos de esquerda da base do governo: PT, PCdoB, PSB e PDT. Pela oposição de esquerdista, fato isolado no quadro nacional, o crescimento do PSOL.
8)      É preciso recuperar como esta nova hegemonia foi construída. Uma das teses que a direita, o centro e os e demais conservadores utilizaram para começar a hegemonizar o Estado do Rio de Janeiro foi questionar sua tradição oposicionista. Argumentaram que governos progressistas alimentavam essa postura que teve como consequência o isolamento e a falta de investimento do governo federal e da iniciativa privada.
9)      Outra critica utilizada para construir essa nova hegemonia foi acusar governos de esquerda de populistas, de deixar a violência dominarem a realidade social e de décadas de estagnação econômica do nosso Estado.
10)   Para o bem ou para o mal, a estratégia foi bem sucedida. A expressão politica, contemporânea, dessa hegemonia conservadora esta sintetizada na máxima: união de governos, reforço fiscal e modernização da gestão pública. Esta afirmação é do Governador Sergio Cabral e do Prefeito Eduardo Paes. Esta síntese inicial serve apenas para abrir o debate do desenvolvimento do Estado.

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