quarta-feira, maio 28, 2014

Os desafios da Aliança Popular para mudar o RJ


Por João Batista Lemos, Presidente estadual do PCdoB/RJ

Recentemente foi lançada a frente de esquerda, denominada Aliança Popular, com PT, PV e PCdoB pela eleição de Lindberg Farias para o governo do estado do RJ. Neste momento os partidos da frente se empenham para ampliar ainda mais a união de forças por reais transformações no dia a dia dos fluminenses. A frente em torno de um projeto político comum é um passo importante, porém, ainda insuficiente para o tamanho dos desafios que a batalha eleitoral nos apresenta.

Isso porque não basta dizer que estamos juntos. É preciso amalgamar esta aliança com o povo, os trabalhadores, a juventude e a intelectualidade no processo de construção de nosso programa de governo. Uma frente de verdade também se constrói de baixo para cima, buscando espaços para a convivência, elaboração e ações capazes de nos preparar para realizarmos juntos as mudanças que o Rio precisa. A força de nosso futuro governo começa a ser forjada agora, durante a nossa campanha.

Neste sentido, devemos atuar em todos os espaços da frente que já estão em curso. Também podemos propor novos espaços para temas ainda não contemplados. O mais importante é incorporarmos a ideia de que compomos uma frente. Nesta campanha não somos apenas um, mas um conjunto de partidos comprometidos com uma nova lógica de governo, mediadores da construção de uma nova cultura política, onde a população não será apenas vítima de um projeto negociado nas dependências do Palácio Guanabara, mas parte da elaboração, execução e fiscalização de um novo projeto para o Rio, mais democrático, participativo e popular.

Para tanto, o movimento de construção da frente tem que estar em sintonia com pelo menos três objetivos igualmente importantes. Um: assegurar a quarta vitória do povo com a reeleição da presidenta Dilma. Dois: eleger governos estaduais e parlamentares comprometidos com as reformas de base do século 21. Três: fazer vitorioso o projeto político do PCdoB para o Brasil, elegendo aqui no Rio dois deputados federais e três estaduais. Além disso, surge com otimismo a possibilidade da candidatura da deputada federal Jandira Feghali para o Senado. É uma questão que o partido está avaliando com carinho e rigor.

São objetivos que veem na eleição de 2014 uma grande oportunidade para fortalecer a convicção por mudanças estruturais no Brasil, mudanças estas que também dependem de uma nova correlação de forças. Enquanto empresários, banqueiros e latifundiários representarem mais de 70% do parlamento, nem o Congresso será efetivamente a casa do povo, nem o governo poderá ser expressão da sua legítima vontade.

O Rio de Janeiro joga um grande papel nesta história. Somos o segundo PIB da sétima economia mundial. Sediaremos a Copa e as Olimpíadas. Somos um dos símbolos mais presentes da cultura brasileira no exterior. E somos também a capital tupiniquim da revolta social.

Na comparação entre seis regiões metropolitanas (RJ, SP, BH, BSB, POA e REC), o Rio de Janeiro foi o estado com maior insatisfação com relação aos serviços públicos. A Saúde e a Segurança foram reprovadas por 84%. A insatisfação de 77% dos ouvidos com o Transporte só perde para Brasília, com 82%. Na educação, serviço com melhores resultados, o Rio é o que tem o pior: 71% se disseram insatisfeitos.

Por estes e outros motivos, o Rio realizou as maiores manifestações de junho e permanece, até o momento, com diversas categorias em estado de greve e mobilização. 

Esta insatisfação tende a ser o centro da batalha eleitoral e não podemos subestimar a capacidade das elites em manipulá-la para a defesa de seus interesses privados. A denúncia, realizada pelo carioca Jeferson Monteiro, autor do perfil “Dilma Bolada”, de que o PSDB estaria comprando a peso de ouro páginas com grande audiência no Facebook para entregá-las a publicitários dedicados a usá-las contra a presidenta Dilma é apenas um detalhe do jogo baixo que a oposição, aliada à mídia e ao poder econômico, está fazendo na disputa deste ano.

Disputa esta que é motivo de tensionamento não só no Brasil, mas também na América Latina e no mundo. A tentativa de golpe contra o presidente Maduro na Venezuela se insere neste cenário. São sinais da contraofensiva do capital financeiro diante da crise sistêmica do capitalismo. Crise esta que aponta para uma mudança na geopolítica mundial. O centro da economia está se deslocando para o Leste da Ásia. A previsão é que em 30 anos a China passe a liderar a economia no mundo, um verdadeiro pesadelo para as potências imperialistas.

Aqui no Brasil, Aécio Neves é quem representa os interesses do capital financeiro destas potências. Daí a nossa grande diferença. Não temos a mídia, a justiça ou o poder econômico. Mas temos o legado de 11 anos de realizações à frente do governo. Em 2002, quando assumimos o governo, o investimento na Saúde era de R$ 28,5 bilhões. Até agora, em 2014, foi de R$ 106 bilhões. Enquanto que em 2002 a população miserável somou 28 milhões, em 2012 era de 15. FHC gerou 5 milhões de empregos. Lula e Dilma 15 milhões. Enfim, são muitas as realizações que comprovam a força de nossas ideias e propostas, o exemplo de nossas práticas e a histórica de quem sempre lutou por condições dignas de vida e pela conquista do socialismo.

Sim, a luta é desigual. Mas com muita política, iniciativa, disposição e protagonismo podemos superar as dificuldades e garantir as mudanças que todos precisam. Por isso, em cinco de outubro vamos decidir se vamos avançar ainda mais com as conquistas democráticas e sociais, realizando as reformas de base do século 21, ou se vamos andar para trás, para o Brasil do desemprego e do apagão do PSDB de Aécio Neves.

Neste sentido, ganha importância a eleição aqui no Rio. A frente que está sendo construída aqui tem que estar em sintonia com estes desafios. A vitória de Lindberg transcende o Rio, está conectada com este grande projeto de integração e desenvolvimento da América Latina. Ela é parte fundante deste novo tempo que queremos construir para o nosso estado e para o nosso país.

Por fim, para que possamos contribuir com os desafios apresentados é preciso ter um PCdoB forte e unido, estruturado a partir de comitês municipais apoiados por distritais, organizações de base e coletivos partidários. Esta estrutura é que garantirá um partido vivo, que expresse a nossa diversidade e seja um poderoso instrumento da nossa luta por mais conquistas.

Para tanto, é preciso compreender que nos organizamos em atividades. Este é o momento para construirmos os comitês eleitorais em conjunto com nossos amigos e simpatizantes em nosso bairro, na nossa cidade, nas escolas, universidades, fábricas, praças. Essa é a hora de promovermos jantares e festas para fortalecer as finanças de nossos candidatos. Vamos ser criativos. Vamos resignificar a nossa identidade de esquerda respondendo à crise de representatividade com novas práticas políticas. Não podemos nos acomodar. A batalha eleitoral de 2014 já está a todo vapor.  Mãos à obra!   

quarta-feira, maio 14, 2014

Os “macacos”, D.G. e a mesma hipocrisia

Assim conclui a primeira parte do artigo, publicado dia 28 de abril de 2014: “...Para encerrar está primeira parte não posso deixar de fazer um breve comentário sobre o show de hipocrisia neste domingo. Não me refiro as legítimas e calorosas homenagens a DG, mas sim ao chamado que determinado meio de comunicação de massa fez a sociedade, escalando seus ícones para dizer em cadeia nacional que sua morte representa um problema nacional. Continua...”
Depois desse domingo (27/04) nada mais foi dito sobre a vítima, os responsáveis e o “referido problema nacional”, um silêncio ensurdecedor. Óbvio que em ano de eleição presidencial o PIG (Partido da Imprensa Golpista) não deixou passar a oportunidade de fustigar a Presidenta Dilma, induzindo o telespectador, com mensagem subliminar, a pensar que o governo federal é o responsável pela onda de violência.
É verdade, existe um problema nacional e não é o governo federal. É sim o preconceito e o racismo dissimulado, escondido, velado que só “aparece” uma vez ou outra, quando um funcionário da Globo é assassinado, quando um jovem negro ator da Globo é preso arbitrariamente ou quando jogam banana em jogadores latinos ou africanos . Fora isso, são “apenas” milhares de jovens negros assassinados diariamente e nenhum canal de televisão ou grande jornal se preocupa em saber onde, quando, como e por quê?. São os milhares de Silvas negros, mulatos, índios ou “macacos”, invisíveis da sociedade capitalista, mercadorias para manchetes sensacionalistas, que buscam vender jornal ou aumentar o ibope.
A violência do Estado, dos bandidos e do sistema social vigente que atinge os jovens, em particular os jovens negros, não são fatos inéditos e muito menos começaram a existir na ultima década. Querer emplacar um discurso oposicionista através da morte de DG é oportunismo, sensacionalismo barato e desespero eleitoral.
No Brasil o racismo é velado. O debate sobre cotas no Brasil é um bom exemplo para demonstrar como isso acontece. O principal argumento contra até hoje, é que o uso do critério da cor ou raça é criar uma realidade que não existe no nosso país, na nossa cultura, ou seja, o racismo. Para esses quero apenas recuperar a memorável passagem do escritor brasileiro, Jorge Amado, onde está límpida e transparente a ação racista: “...Mais uma vez escrevi ser a África o nosso umbigo. Como sensibilidade, maneira de ver a vida e o mundo, forma de reagir aos acontecimentos, de viver e conviver, de pensar e agir, somos pelo menos tão africanos quanto ibéricos. Definitivamente foi a contribuição dos negros para formação da nossa cultura nacional. Apesar da terríveis, monstruosas condições em que a cultura negra se encontrou no Brasil ao desembarcar dos navios negreiros - nas condições de cultura de escravos, vilipendiada, desprezada, combatida à morte, violada, cuja substituição violenta, na base do cacete e do batismo, foi tentada quando os senhores de escravos quiseram impor aos negros, íntegra, a cultura dos colonos, da língua aos deuses...”. (Bahia de Todos os Santos, pag.34)
Fico imaginando qual o objetivo do brilhante marqueteiro quando elaborou o slogan “Somos todos macacos”. Aqui no Brasil só vi celebridades, por ordem do chefe, fazendo a campanha. Os verdadeiros donos do capitalismo não vi ninguém. Toda Europa deve ter aplaudido de pé, e concordado, pois mesmo depois de toda repercussão negativa, repetiram neste final de semana, agora na Itália, o ato de jogar banana para um negro.
Realmente nosso problema é nacional: a pseudo elite “civilizada”, lambe botas da civilização anglo-saxônica. Não é possível mais transigir princípios, necessitamos de campos bem claros e demarcados, o povo pede isso. 

terça-feira, maio 13, 2014

Os “macacos”, D.G. e a mesma hipocrisia


Assim conclui a primeira parte do artigo, publicado dia 28 de abril de 2014: “...Para encerrar está primeira parte não posso deixar de fazer um breve comentário sobre o show de hipocrisia neste domingo. Não me refiro as legítimas e calorosas homenagens a DG, mas sim ao chamado que determinado meio de comunicação de massa fez a sociedade, escalando seus ícones para dizer em cadeia nacional que sua morte representa um problema nacional. Continua...”
Depois desse domingo (27/04) nada mais foi dito sobre a vítima, os responsáveis e o “referido problema nacional”, um silêncio ensurdecedor. Óbvio que em ano de eleição presidencial o PIG (Partido da Imprensa Golpista) não deixou passar a oportunidade de fustigar a Presidenta Dilma, induzindo o telespectador, com mensagem subliminar, a pensar que o governo federal é o responsável pela onda de violência.
É verdade, existe um problema nacional e não é o governo federal. É sim o preconceito e o racismo dissimulado, escondido, velado que só “aparece” uma vez ou outra, quando um funcionário da Globo é assassinado, quando um jovem negro ator da Globo é preso arbitrariamente ou quando jogam banana em jogadores latinos ou africanos . Fora isso, são “apenas” milhares de jovens negros assassinados diariamente e nenhum canal de televisão ou grande jornal se preocupa em saber onde, quando, como e por quê?. São os milhares de Silvas negros, mulatos, índios ou “macacos”, invisíveis da sociedade capitalista, mercadorias para manchetes sensacionalistas, que buscam vender jornal ou aumentar o ibope.
A violência do Estado, dos bandidos e do sistema social vigente que atinge os jovens, em particular os jovens negros, não são fatos inéditos e muito menos começaram a existir na ultima década. Querer emplacar um discurso oposicionista através da morte de DG é oportunismo, sensacionalismo barato e desespero eleitoral.

No Brasil o racismo é velado. O debate sobre cotas no Brasil é um bom exemplo para demonstrar como isso acontece. O principal argumento contra até hoje, é que o uso do critério da cor ou raça é criar uma realidade que não existe no nosso país, na nossa cultura, ou seja, o racismo. Para esses quero apenas recuperar a memorável passagem do escritor brasileiro, Jorge Amado, onde está límpida e transparente a ação racista: “...Mais uma vez escrevi ser a África o nosso umbigo. Como sensibilidade, maneira de ver a vida e o mundo, forma de reagir aos acontecimentos, de viver e conviver, de pensar e agir, somos pelo menos tão africanos quanto ibéricos. Definitivamente foi a contribuição dos negros para formação da nossa cultura nacional. Apesar da terríveis, monstruosas condições em que a cu