segunda-feira, agosto 25, 2014

QUAL O SENTIDO da MUDANÇA? 2°parte

No início de mês de agosto escrevi a primeira parte deste artigo, QUAL o SENTIDO da MUDANÇA? No intervalo entre o anterior e este, dois fatos novos ocorreram.
O primeiro, imponderável, foi o falecimento de Eduardo Campos e a obvia substituição por Marina Silva para disputa presidencial. A consequência foi à rápida ascensão do PSB, que estava na terceira posição, distante do PSDB (segundo colocado), para empate técnico, provocando uma mudança no estável quadro de polarização PT x PSDB.
O segundo fato, foi o início da campanha na televisão e no rádio. As consequências ainda não foram divulgadas, pelo menos até a publicação deste artigo. Antes da morte de Eduardo a expectativa era que o programa tv aumentasse a vantagem de Dilma para Aécio e a as projeções para os outros candidatos, somadas, não garantissem o segundo turno. Com a alteração abrupta do quadro, todos aguardam as próximas pesquisas para saber se o segundo turno é certo e se alterou a colocação entre Marina e Aécio.
Enquanto as pesquisas não são publicadas para confirmar ou apontar novas tendências, retomemos o debate sobre o tema central de 2013 até os dias atuais, o sentido da mudança.
Nunca antes na história das eleições da república brasileira a palavra MUDANÇA teve tamanha importância e densidade como nestas eleições de 2014. Vejamos:
Em junho de 2013, milhões foram às ruas externalizar suas indignações, ainda que de forma difusa e horizontal. Até hoje este acontecimento provoca diferentes reações e análises sobre suas causas e conseqüências, mas já é possível indicar mudanças significativas que se expressaram nas ferramentas utilizadas para mobilizar as manifestações, na condução dos atos, nas organizações que dirigiram os atos, nos novos grupos que surgiram nas manifestações, no uso deliberado da violência por determinados grupos do movimento e a pergunta que não quer calar: qual a capacidade desse movimento promover mudanças nas eleições de 2014?
Antes se faz necessário estabelecer um diferencial com as opiniões e ou elaborações sobre as motivações das mobilizações de 2013. Não pactuo com as teses conspiratórias, muito menos as de que o conteúdo das passeatas era contra a Dilma. Uma coisa é o que representa o povo na rua, isto será desenvolvido na continuidade deste artigo, outra coisa é a ação dos meios de comunicação.
Não é novidade para ninguém que os grandes meios de comunicação de massa cumprem papel na luta política e ideológica e constituem uma força própria no jogo de poder. As perguntas a serem respondidas sempre serão: a serviço de quem, do que e de qual projeto?
Em nosso país é inequívoco o lado que os meios de comunicação assumiram nos últimos 12 anos, assim como, no último ano se colocou como o porta voz das mudanças “necessárias”. Para isso não mediu esforços no desgaste da imagem do governo LULA e do governo Dilma, com a finalidade de derrotar a mesma e eleger alguém alinhado(a) a sua ideologia política, econômica e social.

Afim de ajudar nesse objetivo, apoiaram, disputaram ideologicamente as manifestações e de forma indireta incentivaram o uso da violência, buscando criar um ambiente de instabilidade política para desgastar Dilma e seus aliados. Caso exista dúvida sobre isso basta comparar a cobertura e as edições sobre as manifestações em São Paulo e no Rio de Janeiro, a diferença era gritante. Só depois da morte de um profissional da imprensa que os grandes meios de comunicação de massa mudaram sua posição no que diz respeito ao uso da violência por manifestantes. Continua...

terça-feira, agosto 19, 2014

Qual sentido da mudança?

Dentro de uma semana começa a campanha eleitoral na televisão e no radio. Para muitos essa fase da campanha é a decisiva, consolida ou muda os rumos e as tendências eleitorais.
Participo de campanhas eleitorais desde 1989, época da Frente Brasil Popular, e observei neste período como as eleições em nosso país foram, paulatinamente, assumindo as características das campanhas eleitorais norte americanas, ou seja, o centro do debate é a questão da moralidade, os marketeiros assumiram o controle, os meios de comunicação de massa funcionam como autênticos partidos, crescente insatisfação do eleitorado com índices de abstenção ou voto nulo aumentando de pleito em pleito e pouca nitidez política e ideológica dos partidos.
Participei também de todos os grandes movimentos de massa de 1989 até a atualidade e neles sempre estiveram presentes as idéias de espontaneidade, sentimentos ante partidos, entre outras correntes de pensamento. O Fora Collor foi, talvez, o prenuncio de que alguma coisa precisava ser mexida. Além dos meios de comunicação disputar palmo a palmo, ideologicamente, os rumos do movimento, já era latente nesta época uma insatisfação com o modo operante do movimento social organizado. Naquele tempo, por mais que existissem divergências, a unidade do movimento era construída na política, e, além disso, as correntes de pensamento hegemônicas no movimento nunca perdiam um debate para turma da negação da política. Hoje o principal argumento utilizado é a truculência, a intimidação, a exclusão do diferente até mesmo a violência.
Entre 1989 e 2014, entramos na lógica neoliberal e tentamos a muito custo superar. O período Collor introduziu o Brasil na era das privatizações, Itamar deu um freio de arrumação da casa com Plano Real, FHC sacramentou a aplicação do receituário de Washington. Lula em seu primeiro mandato reordenou a casa, no segundo ampliou conquistas sociais e investiu no mercado interno. Dilma conduziu o PAC, realizou a Copa do Mundo, decidiu sobre a aplicação dos recursos do Pré sal e tantos outros avanços importantes.
Em 2013, apesar de avançarmos muito em 12 anos de governo progressista, milhões foram às ruas demonstrar sua insatisfação. A pergunta é: com o que?
A resposta de alguns foi caracterizar de “coxinhas” ou afirmar que a classe média tradicional estava na rua para derrubar Governo Dilma e que isso fazia parte de uma conspiração internacional. Não compactuo com essa tese. Acredito ser mais rico para o debate fugir dos estereótipos, ainda mais quando o comando das manifestações trazia uma “mudança”. Essa palavra esta sendo usada pela direita e pela esquerda no processo eleitoral de 2014, é a palavra da moda para tentar interpretar as mobilizações de 2013.
A direita diz que mudança é derrotar o PT, a esquerda diz que mudança é avançar mais.

Afinal qual o sentido da mudança? Quem souber responder com mais clareza conquistará o eleitor. Continua...