terça-feira, agosto 19, 2014

Qual sentido da mudança?

Dentro de uma semana começa a campanha eleitoral na televisão e no radio. Para muitos essa fase da campanha é a decisiva, consolida ou muda os rumos e as tendências eleitorais.
Participo de campanhas eleitorais desde 1989, época da Frente Brasil Popular, e observei neste período como as eleições em nosso país foram, paulatinamente, assumindo as características das campanhas eleitorais norte americanas, ou seja, o centro do debate é a questão da moralidade, os marketeiros assumiram o controle, os meios de comunicação de massa funcionam como autênticos partidos, crescente insatisfação do eleitorado com índices de abstenção ou voto nulo aumentando de pleito em pleito e pouca nitidez política e ideológica dos partidos.
Participei também de todos os grandes movimentos de massa de 1989 até a atualidade e neles sempre estiveram presentes as idéias de espontaneidade, sentimentos ante partidos, entre outras correntes de pensamento. O Fora Collor foi, talvez, o prenuncio de que alguma coisa precisava ser mexida. Além dos meios de comunicação disputar palmo a palmo, ideologicamente, os rumos do movimento, já era latente nesta época uma insatisfação com o modo operante do movimento social organizado. Naquele tempo, por mais que existissem divergências, a unidade do movimento era construída na política, e, além disso, as correntes de pensamento hegemônicas no movimento nunca perdiam um debate para turma da negação da política. Hoje o principal argumento utilizado é a truculência, a intimidação, a exclusão do diferente até mesmo a violência.
Entre 1989 e 2014, entramos na lógica neoliberal e tentamos a muito custo superar. O período Collor introduziu o Brasil na era das privatizações, Itamar deu um freio de arrumação da casa com Plano Real, FHC sacramentou a aplicação do receituário de Washington. Lula em seu primeiro mandato reordenou a casa, no segundo ampliou conquistas sociais e investiu no mercado interno. Dilma conduziu o PAC, realizou a Copa do Mundo, decidiu sobre a aplicação dos recursos do Pré sal e tantos outros avanços importantes.
Em 2013, apesar de avançarmos muito em 12 anos de governo progressista, milhões foram às ruas demonstrar sua insatisfação. A pergunta é: com o que?
A resposta de alguns foi caracterizar de “coxinhas” ou afirmar que a classe média tradicional estava na rua para derrubar Governo Dilma e que isso fazia parte de uma conspiração internacional. Não compactuo com essa tese. Acredito ser mais rico para o debate fugir dos estereótipos, ainda mais quando o comando das manifestações trazia uma “mudança”. Essa palavra esta sendo usada pela direita e pela esquerda no processo eleitoral de 2014, é a palavra da moda para tentar interpretar as mobilizações de 2013.
A direita diz que mudança é derrotar o PT, a esquerda diz que mudança é avançar mais.

Afinal qual o sentido da mudança? Quem souber responder com mais clareza conquistará o eleitor. Continua...  

Um comentário:

JC MADUREIRA disse...

Este artigo escrevi semana passada e publiquei no www.vermelho.org.br