Dentro de uma semana começa a
campanha eleitoral na televisão e no radio. Para muitos essa fase da campanha é
a decisiva, consolida ou muda os rumos e as tendências eleitorais.
Participo de campanhas eleitorais
desde 1989, época da Frente Brasil Popular, e observei neste período como as
eleições em nosso país foram, paulatinamente, assumindo as características das
campanhas eleitorais norte americanas, ou seja, o centro do debate é a questão
da moralidade, os marketeiros assumiram o controle, os meios de comunicação de
massa funcionam como autênticos partidos, crescente insatisfação do eleitorado
com índices de abstenção ou voto nulo aumentando de pleito em pleito e pouca
nitidez política e ideológica dos partidos.
Participei também de todos os
grandes movimentos de massa de 1989 até a atualidade e neles sempre estiveram
presentes as idéias de espontaneidade, sentimentos ante partidos, entre outras
correntes de pensamento. O Fora Collor foi, talvez, o prenuncio de que alguma
coisa precisava ser mexida. Além dos meios de comunicação disputar palmo a
palmo, ideologicamente, os rumos do movimento, já era latente nesta época uma
insatisfação com o modo operante do movimento social organizado. Naquele tempo,
por mais que existissem divergências, a unidade do movimento era construída na
política, e, além disso, as correntes de pensamento hegemônicas no movimento
nunca perdiam um debate para turma da negação da política. Hoje o principal
argumento utilizado é a truculência, a intimidação, a exclusão do diferente até
mesmo a violência.
Entre 1989 e 2014, entramos na
lógica neoliberal e tentamos a muito custo superar. O período Collor introduziu
o Brasil na era das privatizações, Itamar deu um freio de arrumação da casa com
Plano Real, FHC sacramentou a aplicação do receituário de Washington. Lula em
seu primeiro mandato reordenou a casa, no segundo ampliou conquistas sociais e
investiu no mercado interno. Dilma conduziu o PAC, realizou a Copa do Mundo,
decidiu sobre a aplicação dos recursos do Pré sal e tantos outros avanços importantes.
Em 2013, apesar de avançarmos
muito em 12 anos de governo progressista, milhões foram às ruas demonstrar sua
insatisfação. A pergunta é: com o que?
A resposta de alguns foi
caracterizar de “coxinhas” ou afirmar que a classe média tradicional estava na
rua para derrubar Governo Dilma e que isso fazia parte de uma conspiração
internacional. Não compactuo com essa tese. Acredito ser mais rico para o
debate fugir dos estereótipos, ainda mais quando o comando das manifestações
trazia uma “mudança”. Essa palavra esta sendo usada pela direita e pela
esquerda no processo eleitoral de 2014, é a palavra da moda para tentar
interpretar as mobilizações de 2013.
A direita diz que mudança é
derrotar o PT, a esquerda diz que mudança é avançar mais.
Afinal qual o sentido da mudança?
Quem souber responder com mais clareza conquistará o eleitor. Continua...
Um comentário:
Este artigo escrevi semana passada e publiquei no www.vermelho.org.br
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