quinta-feira, junho 27, 2013

O perfil do manifestante

Antes de qualquer adjetivação ou carimbo nas manifestações é importante conhecer seu perfil. Pesquisa* realizada pela Comunicação Interativa e Plus Marketing, pode nos dar informações iniciais para alguns ensaios mais consistentes sobre as manifestações que ocorrem em nosso país. Vamos aos números.
A média de idade foi de 28 anos. Este cidadão ou cidadã em 1992, no Impeachment do Collor, tinha sete (7) anos de idade. Quando Lula foi eleito pela primeira vez, em 2002, este mesmo cidadão ou cidadã tinha dezessete (17) anos. Supondo que estes jovens tenham se alistado eleitoralmente aos dezesseis anos, é possível começar a construir uma primeira hipótese para reflexão. Esta geração não viveu as grandes mobilizações da década de 80 e 90, ou seja, não viu e nem participou da luta contra a ditadura, não viu nem participou das manifestações pelas Diretas já, não viu nem participou das mobilizações da Constituinte de 1988, não viu nem participou das mobilizações da primeira eleição livre e direta de 1989, não viu e nem participou das lutas contra as privatizações. Esta geração começou a ter contato com as ebulições da sociedade brasileira no final do segundo mandato de FHC e a primeira eleição de Lula.
Cabe ressaltar desde Já a questão da média de idade, quanto mais baixa for, mais distante fica essa geração dos episódios indicados. Estes, só tiveram contato pelos livros escolares.
A primeira eleição de Lula trazia a carga das lutas pela redemocratização e a bandeira da ética na política. A geração que hoje toma as ruas inicia o exercício de sua cidadania neste momento.
Outra caraterística importante foi o instrumento de circulação da informação e de mobilização. Oitenta por cento (80%) soube da manifestação pelas redes sociais na internet, desses, noventa por cento (90%) se informou sobre a passeata no Facebook.
Nas bandeiras que surgiram a divisão ficou assim: 34,8% Passe Livre, 21,8% contra corrupção, 18,4% melhorias na educação, 16,6% melhorias na saúde e 8,4% contra a PEC 33 e 37.
Não sou responsável pelos resultados da pesquisa e também não conheço as metodologias utilizadas, mas como eu estive presente nas manifestações avalio que os números não estão muito longe da realidade. Não estou publicando uma analise completa nem muito menos concluída, apenas primeiras impressões.
Vem mais por ai: O que esta em jogo?, Reforma política: Qual e como?, Vandalismo, Democratização dos Meios de Comunicação, Disputa pelos rumos do movimento, movimento tradicional x movimento horizontal, entre outros assuntos instigantes. Vamos às ruas.
*pesquisa realizada na manifestação de 20 de junho de 2013 no Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro, 27 de junho de 2013

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